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A Engenharia e o Amor
Nosso cafofo é um mafuá
Arrumadinho, serve até de cenário pra filmar
Mas desarrumado, é porque a noitada foi boa
Ninguém dá um tiro à toa
Se não quiser acertar o alvo
Mas, com certeza, são as tralhas,
Espargidas pelo chão e pelo corredor,
Que são testemunhas do que foi bom.
Nós dois, na engenharia para esse amor,
O que podíamos construir,
Construímos!
Acertamos nosso vinho,
Arregaçamos as mangas,
Os ânimos com boa vontade se afloraram,
Juntamos lado a lado as cadeiras,
Arrepios à beça e trançamos os braços
Trocando as taças até secar o último gole
Naquele esfregaço.
Formigamentos,
Calor do bom e torturante
O que mais queria era você, amante
Até que as camas bem esticadas e vazias
Ficassem, de vez, num furdunço
Onde um homem e uma mulher
Desenhassem e realizassem numa noite só
A arquitetura desse amor
E ganhassem o jogo
Descortinando o ambiente,
Derrubando muros, construindo passagens.
Juntamos vidas
Numa ponte segura onde o tempo
Por mais que houvesse um cataclisma
Pudesse tremer mais que nossa paixão,
Nosso frenesi foi desordenado
Porque, se lá tivesse ordem,
Não seria bom e o cafofo não seria tão fofo
Dormiu a noite, realizaram-se os sonhos,
Saciando a fome na madrugada calada
O vinho acabou em sedenta talagada,
E aí, para a engenharia do amor,
Não devemos nada!