Do Nada
Do nada, um lábio beija e outro esbraveja. Um braço atira, outro abraça Uma das mãos agarra, As duas juntas batem palma Do nada, a gente briga E a danada da paz, Do nada, traz a calma. Sábio é o danado do silêncio Que, do nada, traz a certeza. Amada, é a conquista que, do nada, anda perdida Com sua vitória sagaz E as migalhas pro Mundo que ela traz. Do nada, a vida pede cuidados Do nada, a criança não cresce E a face não envelhece O grão não enraíza, o broto não sobe E a vida, do nada, fenece E racha todo o chão Que não barra as barragens da vida Do nada, voam amizades Sobram restos e abandonos E, do nada, isso não tem cara e não tem dono. Do nada, perdem-se sonhos e diz-se Amém Do nada se corta o coração, chama a tirania Reata a guerra e escoa a vida Frutos da porrada sentida Que a gente leva no peito E, do nada, o que fica? Fica o nosso bem, desfeito.
Sangy
Enviado por Sangy em 20/02/2019
Alterado em 23/08/2019 |